De Canção em Canção (Song To Song), lançado em 2017, é o mais recente trabalho do diretor Terrence Malick e conta com algumas figurinhas conhecidas como Rooney Mara, Michael Fassbender, Ryan Gosling, Natalie Portman e Cate Blanchett. O filme se passa na agitada cena musical de Austin, isso já foi o bastante para eu me interessar pelo filme (além de ser um filme do Malick), pois bem, vou ser direto, o filme é de difícil degustação, um pouco diferente do que foi mostrado no trailer, a badalação de Austin é apenas o plano de fundo desse conflitoso romance moderno e todo resto é um tanto maçante.
Entrando em pormenores e sem firulas, Cook (Michael Fassbender) é um produtor bem sucedido que mantém uma relação complicada com Faye (Rooney Mara). A mulher, por sua vez, acaba se apaixonando (o amor verdadeiro, em suas palavras) pelo músico BV (Ryan Gosling), que se torna um irmão para Cook. O romance de BV e Faye acaba gerando um conflito na medida em que seu passado com Cook vem à tona, fato que permite a inclusão de Rhonda (Natalie Portman) e Amanda (Cate Blanchett) na história. Até aí nada demais, isso mais parece um roteiro genérico de romance Hollywoodiano, mas não se engane, isso aqui é um filme de Terrence Malick Po*#@!! Antes de continuar, permita-me dar umas palavrinhas sobre esse diretor e seu cinema um tanto quanto peculiar.
Malick, antes de se tornar diretor de cinema, transitou pelo meio acadêmico da filosofia em Harvard, especializando-se em Heidegger. O cineasta trouxe a bagagem filosófica do existencialismo de Heidegger para os seus filmes. Seus poucos trabalhos mostram o homem face à imensidão da natureza e de seus conflitos, uma contemplação que retoma mais uma vez a pegada Heideggeriana.
Pois bem, no caso de “Song To Song” achei que seria um filme mais comercial e assim teria menos peso existencialista, engano meu. Infelizmente, por mais que eu esteja acostumado com a filmografia característica de Malick, esse filme me deixou muito confuso e foi difícil assistir até o fim (imagina para pessoas com déficit de atenção ou pessoas que acham que o Ryan Gosling e a Rooney Mara têm cara de bunda). Não é que as questões “Heideggerianas” não caibam nesse filme, o problema está em algumas linhas de diálogos que mais parecem frases lidas da página “pensador” (esse é um problema presente na interpretação dos atores) e na contemplação exagerada fazendo com que tudo soasse menos natural, isso faz com que seja um filme contemplativo, um filme contemplativo de duas fucking horas e nove minutos. A narrativa tem lá seus méritos, a assinatura de Malick pode ser vista com sua tradicional câmera solta, com os cortes rápidos e rápidas linhas de diálogo. A qualidade da produção é impressionante, além de contar com um dos maiores diretores de fotografia da atualidade (Emmanuel Lubezki, esse cara ganhou o oscar durante três anos consecutivos), a produção ainda conta com a aparição de músicos famosos dentre eles, Patti Smith, John Lydon, Iggy Pop, Red Hot Chili Peppers…a trilha sonora também não deixa nada a desejar.
A meu ver, esse filme infelizmente é uma tentativa falha de repetir a formula genial do filme anterior de Terrence Malick, Knight of Cups (Cavaleiro de copas) filme de 2015 que a meu ver é similar a esse (Song To Song) mas Knight of Cups se mostra superior em todos os quesitos, mesmo que ainda difícil de engolir (afinal, Terrence Malick como antes, possui uma filmografia apoiada principalmente no existencialismo), não é nada fácil assistir, mas é uma experiência e tanto. Quem sabe eu ainda continuo animado para escrever mais sobre isso, talvez eu traga algo sobre Knight of Cups assim como acabei fazendo agora com Song To Song.



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